Heyy! Há tanto tempo -.- Pedimos imensas desculpas! A sério. Num dos fins-de-semana fomos numa visita de estudo de Biology à Serra da Estrela e no outro tínhamos taanto para estudar que nem tivemos tempo para respirar.
Desculpem.
Felizmente acabou e agora vem um fim-de-semana prolongado para recuperar e estamos de volta.
Com dois capítulos, como não poderia deixar de ser.
Dedicado a todas :)
Big Kiss
- Bill… - sussurou ela enquanto fazia deslizar os seus dedos pela pele dele. Um toque electrizante.
- Diz.
- Eu, quando estou contigo, sabes, quando atingimos o nosso máximo, eu… oiço uma música.
- Também consegues ouvir?
- Tu também? – perguntou admirada. Pensara que era fruto da sua imaginação.
- Sim – confirmou ele.
Ela esboçou um grande sorriso como nunca tinha feito.
- A música, gostava de saber cantá-la, mas não sei – continuou ele - Apesar de a conhecer, eu conheço-a, mas é tão…
- Eu sei! Eu também a conheço. Mesmo assim não consigo aproximar-me dela.
Entardecia. O Sol, que já estivera lá no pico, descia. Não sabiam ao certo quanto tempo passara. O tempo não passou por eles. Pela praia talvez. Por eles não.
O vento entrava por entre os cabelos e revolvia-os. Os sons que se faziam ouvir eram puros. Eram a Natureza. O mar falava e eles ouviam. Encostados um ao outro. Sempre. A cabeça de Natalie no peito de Bill.
- Natalie, o que é isto?
- Queres mesmo a resposta a essa pergunta?
- Acho que não…
Tentar definir aquilo era como explicar o inexplicável, tocar o intocável, quebrar o inquebrável. Era impossível por ser tão irreal.
Bill sentiu-a arrepiar-se de frio. Estava ainda em lingerie tal como ele em boxers.
- Vamos vestir-nos. Estás com frio.
- Não, tive uma ideia melhor.
- Nem sei se quero ouvir.
- Vamos dar um mergulho.
- Mas tu tens frio e queres dar um mergulho?
- Exacto – respondeu ela divertida.
Esta era, possivelmente, uma das razões porque gostava dela. Nunca sabia o que esperar. E se criasse expectativas numa qualquer situação, ouvia o oposto da boca dela. Isso desafiava-o.
- Mas está frio.
- Ai, que mariquinhas.
- Posso ficar a ver-te?
- Está bem, se assim queres.
Ela levantou-se. Ele sentiu falta do peso dela do seu lado. Agora estava de pé virada para ele, como que a fazer sombra, fazendo expressões cómicas direccionadas para ele, entre as quais uma espécie de “beicinho” de bebé amoroso, às quais ele dificilmente resistiu. Deduziu que fossem uma última tentativa para o convencer a mergulhar naquela água gélida. Ele soltou uma sonora gargalhada e abanou a cabeça em sinal negativo. Ela desistiu e, virando-lhe as costas, começou a provocá-lo.
(“Soutien rosa e cuecas encarnadas. Onde é que eu já vi isto? Já sei. Nunca vi. Só podia ser ela”)
Enquanto ele tecia pensamentos sobre a lingerie, ela, sempre virada de costas, desfilava como que numa passerelle, pavoneava-se e abanava o rabo com uma forma de andar característica. Ele ria. Riam ambos.
Depois ela virou-se para atrás para lhe lançar mais uma provocação. Aquilo era um autêntico jogo. Olhar sexy e nariz empinado. Combinação explosiva. Ele levantou-se. Dirigiu-se em passo lento mas decidido para ela. Ela tornou a encarar o mar e para lá correu, prolongando a brincadeira. Bill parou, observou-a durante uns segundos até ela mergulhar, riu-se, fotografou mentalmente aquele momento. O seu mergulho. Depois fechou os olhos para saborear o vento.
Voltou a abrir os olhos. Olhou em frente e não viu sinais de Natalie. Estranhou. Estaria escondida? Ou ainda debaixo de água? Decidiu ir verificar.
Encaminhou-se em direcção à beira-mar. Começava a preocupar-se seriamente. Deixou a ondulação que alcançava a areia molhar os seus pés. E depois, observando melhor, reparou num corpo inerte que boiava não muito longe. (“Natalie!”) Correu o mais que pode, lutando contra a força do mar. Ela estava virada para baixo. Nadou, o que lhe pareceu muito tempo, e finalmente alcançou-a. Imediatamente a virou, ela estava muito aflita e atrapalhada mas ainda estava consciente. Tossiu e cuspiu água. Ele tratou de a levar o mais rápido que conseguiu para a berma.
Deitou-a na areia molhada. Ela parecia não conseguir mexer-se.
- Natalie! Natalie, fala comigo, por favor, fala comigo!
- Bill, eu não… eu não sinto o corpo – gritou num murmúrio desesperado – Bill, ajuda-me, eu não quero, ajuda-me, eu não sinto o corpo, eu não me consigo mexer… - a voz falhava e aos poucos era quase inaudível. As forças que o seu corpo tinha perdido também faltavam agora na sua cabeça. Bill sentiu-a cair pesada nos seus braços. Mal teve tempo para raciocinar. Deixou-a deitada na areia, correu o mais que pode até às suas roupas, procurou as calças, remexeu nos bolsos, encontrou o telemóvel e enquanto voltava para junto dela ligava para o número de emergência para chamar uma ambulância.
Enquanto o transporte não chegava, ele falava-lhe, tentava não se descontrolar. Agarrava-a. Ela continuava inanimada.
- Natalie, não me deixes! Não podes. Isto não acaba agora. Isto não acaba nunca. Natalie! Por favor. Fica comigo.
Ela não o ouvia, ele sabia. Mas precisava de ter essa segurança, tinha de dizer-lhe aquilo, encorajá-la mesmo que ela não soubesse. Nunca tivera tanto medo na vida. Medo de a perder, de nunca mais voltar a tocar-lhe, de partilhar os momentos únicos e de dizer-lhe que a amava, embora não fosse necessário. Sobretudo de a perder.